Ser penedo é ser por fora o que se é por dentro (Teixeira de Pascoaes)
... é como ser transparente.

28 de junho de 2019

O Prédio Coutinho, em Viana do Castelo


O Prédio Coutinho
Viana do Castelo, outra tragédia.
Prédio Coutinho: qual foi o crime dos moradores? Não querer abandonar um andar próprio construído e autorizado legalmente pela Câmara Municipal? Acharem que que os motivos declarados para a demolição não são de "urgente interesse público"?
Pois é isto que se nos depara, um Estado (via Câmara) que ora autoriza "mamarrachos" ora os quer deitar abaixo, segundo interesses e agendas que não são as do interesse público.
Os moradores têm todo o direito a resistir e a denunciar a tirania de uma Câmara. Não se trata de uma ferrovia, de uma estrada, de um aeroporto ou de construções semelhantes destinadas a servir uma comunidade e que tecnicamente por ali teriam de passar, e ao qual, portanto, qualquer interesse individual teria de se vergar.
Não, trata-se da construção de um mercado e do "deita abaixo" de um prédio que atenta contra a paisagem.
A nossa opinião estética interessa pouco (pois claro que é um "mamarracho"). O que importa aqui é saber quando é que o Estado se pode desdizer, ora autorizando, ora mudando de opinião, sem ter em conta o interesse do cidadão que foi no engodo da compra de um andar com soberba vista para o rio, virado a Sul?
Como podemos nós ficar descansados, sabendo que, pela mesma via, se proíbem automóveis antigos de entrar em centros de cidade e se prevê o mesmo para os de gasóleo?
Com que direito (e interesse) o Estado nos obriga a comprar carros novos, quando os proprietários zelosa e ecologicamente trataram bem os antigos em sua posse? O que será mais ecológico, a fabricação de novos, com todo o gasto de materiais a isso ligados, ou a manutenção dos velhos?
E porque se vai proibir os actuais carros a “diesel” de também entrar nas cidades, quando não se interdita a sua venda e mesmo o seu fabrico?
Que Estado é este que legaliza hoje o que proíbe amanhã?
Falando agora de política (como se estivéssemos a falar de outra coisa!), repito-me dizendo que saber o papel do Estado na sociedade é de facto uma da grandes cisões societárias, entre aqueles partidários do progresso social, de um lado, e, do outro, os “sistémicos” e “situacionistas”, os dogmáticos (por exemplo, todos os “sempristas”: os que votam sempre no mesmo partido, ou aqueles sempre “à direita” ou sempre “à esquerda”, ou outros repetidores de mecanismos políticos autossuficientes incapazes de pôr e de se pôr em causa).

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