O Prédio Coutinho
Viana do
Castelo, outra tragédia.
Prédio Coutinho: qual foi o
crime dos moradores? Não querer abandonar um andar próprio construído e
autorizado legalmente pela Câmara Municipal? Acharem que que os motivos
declarados para a demolição não são de "urgente interesse público"?
Pois é isto que se nos
depara, um Estado (via Câmara) que ora autoriza "mamarrachos" ora os
quer deitar abaixo, segundo interesses e agendas que não são as do interesse
público.
Os moradores têm
todo o direito a resistir e a denunciar a tirania de uma Câmara. Não se trata
de uma ferrovia, de uma estrada, de um aeroporto ou de construções semelhantes
destinadas a servir uma comunidade e que tecnicamente por ali teriam de passar,
e ao qual, portanto, qualquer interesse individual teria de se vergar.
Não,
trata-se da construção de um mercado e do "deita abaixo" de um prédio
que atenta contra a paisagem.
A nossa
opinião estética interessa pouco (pois claro que é um "mamarracho").
O que importa aqui é saber quando é que o Estado se pode desdizer, ora
autorizando, ora mudando de opinião, sem ter em conta o interesse do cidadão
que foi no engodo da compra de um andar com soberba vista para o rio, virado a
Sul?
Como podemos
nós ficar descansados, sabendo que, pela mesma via, se proíbem automóveis
antigos de entrar em centros de cidade e se prevê o mesmo para os de gasóleo?
Com que
direito (e interesse) o Estado nos obriga a comprar carros novos, quando os
proprietários zelosa e ecologicamente trataram bem os antigos em sua posse? O
que será mais ecológico, a fabricação de novos, com todo o gasto de materiais a
isso ligados, ou a manutenção dos velhos?
E porque se
vai proibir os actuais carros a “diesel” de também entrar nas cidades, quando
não se interdita a sua venda e mesmo o seu fabrico?
Que Estado é
este que legaliza hoje o que proíbe amanhã?
Falando
agora de política (como se estivéssemos a falar de outra coisa!), repito-me
dizendo que saber o papel do Estado na sociedade é de facto uma da grandes
cisões societárias, entre aqueles partidários do progresso social, de um lado,
e, do outro, os “sistémicos” e “situacionistas”, os dogmáticos (por exemplo,
todos os “sempristas”: os que votam sempre no mesmo partido, ou aqueles sempre
“à direita” ou sempre “à esquerda”, ou outros repetidores de mecanismos
políticos autossuficientes incapazes de pôr e de se pôr em causa).
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