Álbum de
Gratidão
Entre os que
foram e os que estão, invocando as suas acções positivas a favor da comunidade,
aquela a que pertencemos e para a qual os aqui chamados são ou foram exemplo. 6.12.2018
Tertúia com jantar
José Manuel Ramos Penafort Campos
(1949 /
1987)
Após
uns anos de afastamento, pós acontecimentos de 74 até 76, reencontramo-nos num
acaso; daqueles que a vida nos oferece, envolto no mistério que essa palavra
“acaso” traz consigo (o poeta disse que não os há, mas antes encontros).
Dizia
eu que, esse fulminante reencontro, no ano de 1986, nos trouxe, à Fernanda e a
mim, a alegria renovada pela retoma de relações por quem nos sentíamos
próximos: a Joana e o Zé Manel Penafort.
Recordo-me
bem da última refeição que tomamos juntos na vossa casa: bacalhau assado, por
ele, na lareira da casa.
Falamos
de muita coisa, mas não no passado, que queríamos ambos não esquecer, mas
deixar para mais tarde, quando o saber que o tempo traz, nos alumiasse melhor a
memória.
O
tempo não apaga. O tempo tapa, até que vem uma brisa e destapa.
E
acertamos um reencontro em lugar afastado. Onde?
Em
Viena de Áustria, caso o nosso F.C.Porto chegasse à final europeia, conforme
esperávamos.
Aproximava-se
a data e o Porto somou as vitórias necessárias para chegar ao Pratter , em Maio
de 1987.
Pelo telefone, eu de Bruxelas, ele no Porto, acertamos a coisa: encontramo-nos lá e tu arranjas os bilhetes para 9, que eram os que iriam de Bruxelas para Viena em carros próprios, ficando uns dias mais para visitar a cidade.
Pelo telefone, eu de Bruxelas, ele no Porto, acertamos a coisa: encontramo-nos lá e tu arranjas os bilhetes para 9, que eram os que iriam de Bruxelas para Viena em carros próprios, ficando uns dias mais para visitar a cidade.
A
data mais perto, 27 de Maio, tudo acertado, iria receber pelo correio os
prometidos bilhetes.
E
surge o fatídico dia 19 de Maio. Um pesaroso telefonema da nossa Joana e uma
bomba rebenta nos nossos ouvidos e transmite-se ao corpo, aos meus, à casa.
Passaram-se
uns dias, poucos, a vida impassível no seu curso, e a realidade era lembrada
pelos amigos que se juntariam a nós em Viena: 7, distantes do acontecido, mas
respeitosamente silenciosos face ao ambiente pressentido, sabendo nós que a
viagem estava programada, hotéis reservados.
Teria
sido entre 21 e 23, uma carta, bem volumosa, chega-me às mãos no serviço.
Reconheci a letra, 9 bilhetes ali estavam capeados por um papel manuscrito onde
se podia ler:
“Até os comemos!
Vemo-nos em Viena!”
Em
Viena nada foi velório, tudo foi, quase, contagiosamente festivo.
Ele
queria-o, e acho mesmo que o vi, do outro lado do estádio, a esbracejar e a
gritar:
“Comemo-los!”
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