Ser penedo é ser por fora o que se é por dentro (Teixeira de Pascoaes)
... é como ser transparente.

3 de março de 2013

Ainda os molhes na foz do rio Douro


3.3.2013

Publicado no Facebook, em comentario a um video de Rui Videira
(ver posts)

Zé Carlos,
Tens toda a razão: obra desnecessária e caríssima.
Mentiram-nos constantemente sobre as finalidades: que iria reavivar o tráfego marítimo no Douro, aumentando as exportações, nomeadamente de granitos, que era para proteger a Cantareira das investidas do mar, que teria um aproveitamento da energia pelo sistema das marés, que permitiria aos pescadores da Afurada saírem para a faina em segurança e, por fim, que seria um ponto turístico, uma atracção, com restaurantes, esplanadas e sei lá mais quê.

Hoje vê-se que não há um único navio mais que por ali passa; sabe-se também que com a crise da pesca, os marítimos (os poucos) da Afurada continuam a sair de Leixões onde apoitam as traineiras e arrastões com mais segurança e com rede comercial instalada; de granitos nem mais um quilo se exporta; da energia de marés, dizem que fracassou (ridiculamente) por causa de um prazo ultrapassado para a obtenção de apoios; na Cantareira, as obras feitas até Sobreiras, sobravam para impedir qualquer fúria de marés (e se não sobravam bastava ter alteado um pouco o cais, mais um fosso (como na Meia-Laranja) para o efeito; os bares e esplanadas são espaços inúteis onde lixo e areia entra e fica… nem um funciona.

Como se não bastasse, e como dizes bem, aquele monte de cimento armado desfeou sem apelo aquela lindíssima barra, com um farolim elegante e protector, colocando este em perigo (se não for este ano, vai para o próximo) e acabou de vez com a Praia das Pastoras.

Que ganhou um prémio Secil. Pudera!, dada a quantidade de cimento ali gasta, a quem dariam eles o prémio?
Foi mais uma obra inútil, do jeito do que estão a fazer com as barragens. Sem implicações económicas visíveis, apenas alimentandas as construtoras que foram, mais o sector financeiro, os grandes sorvedouros de dinheiros públicos, permitindo grandes fortunas e anulando um desenvolvimento sustentável e progressivo da sociedade portuguesa.
Com um abraço a ti e um beijinho à Ana Bela, que me remeteu o bonito vídeo (apesar de tudo).

PS. Conheces alguma reacção das autarquias e políticos que deram apoio a esta obra? Eu não!

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