Nota de Leitura
De Pedro Baptista recordo, vagamente, ter lido uns seus poemas, lá pelos anos 60, que não creio terem tido continuidade. Esta é, portanto, a primeira obra de ficção que lhe conheço.
De importância capital, o cenário é Nevogilde e as suas grandezas e misérias: o Molhe, a Avenida (do Brasil e Montevideu), os palacetes, o Bar do Molhe (o Convívio) tudo tal como o autor o viveu na sua infância e adolescência.
As personagens, todas conhecidas: a burguesia comercial e industrial do Norte, muitos filhos-família, os trabalhadores, os pequenos comerciantes, alguns pescadores e jovens de famílias pobres.
A situação é datada com detalhe: fins dos anos 50 e início da década de 60 (a Laika no espaço, o Sputnik, as corridas de Fórmula 1 no Porto, o início das emissões de televisão em Portugal, etc.).
A trama é social: a grande burguesia, enfeudada a uma ditadura caduca, é lânguida e hipócrita, tem interesses — não tem valores. A sua descendência é lassa, materialista e ignorante. Primário nos valores, roído pela pressão da miséria o povo é vingativo ainda que profundamente solidário e humanista entre si. Toda a relação interclassista é de raiva contida a custo.
De inocência nunca sofreu Pedro Baptista. Nem ele autor, nem o narrador do seu livro.
Este — não poderia ser outra coisa! — é afirmado do lado da revolta: incondicional, mesmo quando está desvinculada de finalidade e de princípios. O narrador, Antero e... Pedro Baptista são ideologicamente coincidentes. A linguagem comparticipa: crua, obscena amiúde... real. O título é, pelo menos para nós, hermético. Levitará provavelmente entre a quietude do sopor e a premonição do supor? Será — acusarão ou elogiarão? — de um neo-realismo tardio? Não importa, o resultado final é de prazer na leitura e de reposição de cenários e de sociedades que avivam memórias e espicaçam a razão crítica. Acabámo-lo rápido. Aconselhámo-lo vivamente, amizades... e críticas, à parte!
De Pedro Baptista recordo, vagamente, ter lido uns seus poemas, lá pelos anos 60, que não creio terem tido continuidade. Esta é, portanto, a primeira obra de ficção que lhe conheço.
De importância capital, o cenário é Nevogilde e as suas grandezas e misérias: o Molhe, a Avenida (do Brasil e Montevideu), os palacetes, o Bar do Molhe (o Convívio) tudo tal como o autor o viveu na sua infância e adolescência.
As personagens, todas conhecidas: a burguesia comercial e industrial do Norte, muitos filhos-família, os trabalhadores, os pequenos comerciantes, alguns pescadores e jovens de famílias pobres.
A situação é datada com detalhe: fins dos anos 50 e início da década de 60 (a Laika no espaço, o Sputnik, as corridas de Fórmula 1 no Porto, o início das emissões de televisão em Portugal, etc.).
A trama é social: a grande burguesia, enfeudada a uma ditadura caduca, é lânguida e hipócrita, tem interesses — não tem valores. A sua descendência é lassa, materialista e ignorante. Primário nos valores, roído pela pressão da miséria o povo é vingativo ainda que profundamente solidário e humanista entre si. Toda a relação interclassista é de raiva contida a custo.
De inocência nunca sofreu Pedro Baptista. Nem ele autor, nem o narrador do seu livro.
Este — não poderia ser outra coisa! — é afirmado do lado da revolta: incondicional, mesmo quando está desvinculada de finalidade e de princípios. O narrador, Antero e... Pedro Baptista são ideologicamente coincidentes. A linguagem comparticipa: crua, obscena amiúde... real. O título é, pelo menos para nós, hermético. Levitará provavelmente entre a quietude do sopor e a premonição do supor? Será — acusarão ou elogiarão? — de um neo-realismo tardio? Não importa, o resultado final é de prazer na leitura e de reposição de cenários e de sociedades que avivam memórias e espicaçam a razão crítica. Acabámo-lo rápido. Aconselhámo-lo vivamente, amizades... e críticas, à parte!
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