Esta manhã, um colega do ensino da minha especialidade, filho de galegos mas que se criou no Brasil, me comentava espontaneamente: se Portugal tivesse o poder da Inglaterra, os galegos estariam felizes de ser "ingleses". Nós isso há tempo que o sabemos. Mas o resto do pessoal também se decata. Talvez esse papel, de alguma maneira, cumprirá-o Brasil.
e,
com certeza que será o Brasil, e em isso coincido ao 100% com Ferrin: de Portugal nom podemos esperar nada.
Comentando estas duas transcrições de galegos em blogues reintegracionistas, dos quais não questiono a sinceridade pessoal:
O único papel que interessa aos galegos que alguém represente ...é o deles própios.
Se os galegos se confundem no caminho, se se invejam, se se perdem em minudências e não atacam o essencial... então a culpa é só dos galegos.
Porquê "esperar" por Portugal? Porquê "esperar" pelo Brasil?
Antes esperem... pela Galiza, por aquela que é rebaixada por esquerdismos doentios e ideias de grandeza (curiosamente) imperiais.
Sim, imperiais!
As de uma Galiza pura, livre do pecado universal do expansionismo mas que rouba também ela o nome (e o conteúdo) aos do sul do Minho, seus proprietários consuetudinários como eles.
Essa Galiza do Sul, chamada irreversivelmente Portugal, é nisso tudo a continuidade dessa Galiza "imperial". Também por cá, há os que não sabem por quem esperar e os que se crêem senhores do Verbo.
E mesmo no Brasil, alguns desses "imperiais" ousam falar já há muito em "língua brasileira", e repetem até à exaustão a sua origem cultural sincrética, que a têm por certo, mas cujo objectivo central é apagar a grande matriz cutural que é a deles: a galego-portuguesa. “Somos de origem africana, italiana, japonesa, portuguesa, polaca, etc.” E aquele “portuguesa” lá pelo meio apenas quer dizer em concreto: renegamos esse povinho e esse território, pobre, claro, imperceptícvel na carta do mundo.
E mais, atiram (ainda hoje) para cima do colonialismo português todas as misérias de que sofrem, como se a floresta amazónica estivesse ainda a ser destruída pelos galegos do Minho, o tupi-guarini estivesse a ser destruído pelos galego-beirões, e as favelas a ser construídas pelos galego-transmontanos.
E essa atracção ao Brasil feita pela via do "tropicalismo" e de uma certa falsa multi-culturalidade brasileira (porque a há a sério também), de roupagem "altermundialista", perfumada de castrismo e chavismo reaccionários, "onde sambar é melhor que trabalhar", essa atracção têm-na também algumas élites dessa Galiza do Sul, nomeadamente os centralistas de Lisboa. E pelos vistos alguns de a norte do Minho.
Oh que tão parecidos são os galegos do norte aos do sul!
Sempre à espera de Santiago, ou Prisciliano, ou Sebastião, mas tão longe do caminho progressivo e revolucionário da tolerância e do labor quotidiano, o único que pode dar frutos.
O esquerdismo balofo e radicalizante de aparência é, na actual Galiza e em Portugal e Brasil,a doença infantil do galeguismo. É um inimigo tão importante como o imperialismo cultural de Madrid, Lisboa, Brasília/Riop/S. Paulo e... Santiago.
Construir uma galeguidade moderna, por certo solidária e humanista, passa pela tarefa primeira e primária de agarrar na “arma” da língua e calibrá-la para a mesma “bala”, a de uma escrita da nossa fala contratada consensualmente, que respeite as diversidades dos 5 continentes, e que acerte em cheio no grande separatista: das ideias imperiais que nos dominam.
Acorda Galiza!
Bruxelas, 1 de Junho de 2009
Joaquim Pinto da Silva
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1 comentário:
O caro JPS dá no certo. Os galegos não podemos aguardar pola graça de Portugal, e muito menos pola do Brasil - mesmo que apenas seja por causa da distância económica e política. Porém, há também opiniões na Galiza que, considerando a necessidade de o país se ocupar ele próprio dos seus problemas, também acham que é necessário levar a Portugal e ao Brasil o conhecimento de existirmos. A meu ver, a única demanda que se lhes pode fazer a respeito da Galiza é a de apoiarem o reconhecimento e progredimento de uma Galiza lusófona (pois, verdadeiramente galega) e mais nada. Isso, por suposto, não desresponsabiliza a Galiza, nem leva a menos a sua quota própria de trabalho para fazer. Diga-se: a Galiza tem a primeira e mais importante responsabilidade. Portugal e o Brasil têm a capacidade (não a responsabilidade) de ajudarem.
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