Ser penedo é ser por fora o que se é por dentro (Teixeira de Pascoaes)
... é como ser transparente.

3 de outubro de 2008

PENSO, SONHO... AMO, apresentação


Livro, de Cláudia Peneda
Dezembro 1995

APRESENTAÇÃO

Às vezes gostava que o vento viesse
Que se infiltrasse na minha mente
Percorresse o meu pensamento
Gostava que o vento levasse
Com ele tudo o que encontrasse
Que fosse triste ou sofrimento...
Cláudia Peneda

Não meu, não meu é quanto escrevo.
A quem o devo?

Fernando Pessoa



Só o futuro dirá se Cláudia Peneda é mais uma confirmação do aforismo «para se ser artista é preciso ser ou estar triste ou sofredor».
De facto foi num período delicado da sua vida que a autora começou a escrever os poemas ora aqui reunidos. Detectada uma «doença incurável» aos 12 anos, Cláudia Peneda, com a escrita, soube simultaneamente reagir e refugiar-se, começando a produzir um conjunto de poesias marcadas por aquele facto e pela sua juventude.
Nunca poderemos saber até que ponto «devemos» à situação de angústia da jovem a sua entrada nas letras (perguntamo-nos mesmo como teria sido com Anne Frank se a ocupação nazi da Europa não a tivesse obrigado a refugiar-se durante meses num sótão?). Sabemos é que o livro aí está, marcado pela situação temporal da autora, jovem e doente, mas que, ao se transmutar em público, passará ao crivo da crítica e da opinião pública enquanto obra.
Ao assumir a edição, o nosso Grupo Cultural está seguro de semear exemplo, quer em relação à Literatura, pela beleza singela e juvenil dos poemas, quer pela capacidade de resistência e de afirmação da autora em relação à luta que travou... e que felizmente venceu, tendo sido dada como curada.
Persistentemente, continuamos, de há já muitos anos, nesta nossa labuta em prol da cultura. Não é nossa função nem objectivo a selecção exaustiva de modelos de qualidade. Nem sequer o podia ser, já que antes de mais nos cerceamos voluntariamente o espaço geográfico a esta Foz que tanto amamos. E, nesse sentido, este livro não é comparável a nenhuma outra acção ou actividade nossa, excepto na verdade expressa de um sentir.
Preocupamo-nos evidentemente com um denominador comum de qualidade, e, dentro deste, queremos permanecer: sem elitismos, absurdos num grupo de raiz e influência locais, e sem populismos, mal congénito do associativismo e da cultura desta, e de muitas outras terras.
O apoio e a colaboração prestadas pelas Juntas de Freguesia da Foz do Douro e de Nevogilde, pelos Carmelitas da Foz e pelos Pais da autora foram decisivos para a execução deste livro: o nosso agradecimento.

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