Ser penedo é ser por fora o que se é por dentro (Teixeira de Pascoaes)
... é como ser transparente.

3 de outubro de 2008

A Junta da Foz do Douro e Nós

De um ténue apoio à sobranceria do poder
(A pequena história das nossas relações com o Executivo)

«Para com o Executivo da Junta o jornal será institucionalmente solidário e leal e cumprirá fervorosamente o seu dever de opinião frontal e privada nos assuntos de mútuo relacionamento. Já quanto à sua acção, ou falta desta, o jornal, nas suas páginas, será um crítico atento, persistente e constante, apontando lacunas, defeitos e reacções ou ainda aplaudindo, consoante os casos e as opiniões do autor.
Evidentemente que, quer a opiniões individuais de algum elemento da Direcção ou Redacção ou ainda de colaboradores ou leitores, mesmo que menos justas ou fundamentadas, serão, mesmo assim, publicadas. Em qualquer dos casos, o Executivo, e qualquer outra entidade ou pessoa, terá direito à sua resposta ou rectificação, e isto mesmo que não invoque a lei de imprensa.»
(Declaração de intenções sobre o Jornal apresentada ao Executivo da Junta, em Julho de 1994)

«Desiludam-se os que julgam vir a encontrar no jornal um repositório de curiosidades locais e um jornal “muito educadinho e bem comportado...»

«... É claro que o jornal não existe “para bater” na Junta, mas não passará nunca ao lado dos interesses das gentes e da terra só para defender as instituições e os seus gestores. Estas e estes existem para servir, e a melhor ajuda que lhes podemos dar é a da crítica permanente, fundamentada e apoiada em sugestões práticas.»

Joaquim Pinto da Silva
Director de O Progresso da Foz, na sessão de lançamento do jornal
Dezembro de 1994, transcrito no N.º2


Do início e da nossa prática

Quando no início de 1994 propusemos ao actual Executivo da Junta o relançamento de O PROGRESSO DA FOZ, fizemo-lo sabendo de antemão que a imprensa, por muito pouco lida ou «importante» que seja, é sempre factor de poder e, logo, de contestação e de inveja.
Afirmámos desde esse momento que éramos um jornal praticando a livre expressão dos seus redactores e leitores e que não seríamos «correia de transmissão» de ninguém. Passados 18 números, provámo-lo: de Cavaco Silva e da Câmara Municipal do Porto ao Presidente da Junta de Nevogilde e ao Ministro João Cravinho, a estes e a muitos outros temos feito reparos, melhor ou pior fundamentados, mas que decorrem da nossa própria qualidade de jornal e de homens livres. Aliás, quem conhecer bem os elementos que constituem a nossa equipa de redactores e colaboradores depressa se dá conta do variado leque de opiniões sociais e políticas e da independência crítica de cada um de nós.
Admitimos, sem pestanejar, que o jornal poderia ter sido e poderá ser melhor. Dentro da nossa condição de amadores procuramos sempre corrigir defeitos e aperfeiçoar aquilo que, muito mais que um jornal, é «um projecto cultural» de que a Foz necessita e que, por isso, deveria ser acarinhado pela Autarquia.
Infelizmente, assim parece não pensar, desde há mais ou menos um ano, o Executivo da Junta de Freguesia da Foz do Douro, quando nessa altura iniciou um processo de quebra do Protocolo que connosco acordou desde meados de 1994.

Um Executivo da Junta sem Projecto, sem Palavra, sem unidade e arrogante

Assim, e por obrigação para com a população da Foz do Douro e para com os nossos leitores, e ainda por respeito a nós próprios, e conhecendo a gravidade de cada palavra que a seguir escreveremos, somos obrigados a publicamente vir acusar o actual Executivo da Junta de Freguesia da Foz do Douro (1) de falta de palavra, de incompetência e arrogância para com os cidadãos que, de forma desinteressada e devotadamente, se dedicam a fabricar este jornal.
De falta de palavra porque do Protocolo que acordaram connosco, em fins de 1994, fizeram letra morta, nomeadamente no aspecto financeiro, mau grado as sucessivas cartas e mensagens que lhes fizémos chegar e que invariavelmente ficaram sem resposta (2). Em inícios de Abril deste ano propusemos uma reunião bilateral para debatermos a situação. O Executivo, já consciente da sua incapacidade de controlo do nosso jornal remeteu-nos para a reunião pública de 30 de Abril deste ano onde, em presença do Presidente, Avelino Oliveira, Francisco Piedade considerou que «o atraso não era muito e que nos próximos dias tudo se resolveria».
Seguiram-se mais cartas nossas (14 de Maio, 30 de Junho e 9 de Julho) e o silêncio da Autarquia permaneceu... até hoje.
De incompetência, porque em todos os momentos em que a sua colaboração e opinião lhes foi solicitada, se revelaram incapazes de a produzir.
Realçamos aqui uma longa entrevista geral escrita que entregámos ao Presidente em meados de 1995 (semelhante à que realizámos com o Presidente da Junta de Nevogilde); uma outra, também escrita, em 3 de Abril de 1996; e as recentes tentativas de ouvir a sua opinião a propósito da questão com a Academia de Danças e Cantares; e ainda os inúmeros apelos de colaboração e de crítica que oral ou por carta lhes entregámos: o silêncio foi, invariavelmente, a resposta.
De arrogância, porque se crêem acima da obrigação de nos darem, enquanto cidadãos da Freguesia e redactores de um jornal, explicações acerca das suas atitudes.
Nunca... mas nunca, o Presidente ou qualquer elemento do Executivo nos fizeram chegar uma crítica ou nos transmitiram uma opinião favorável ou desfavorável ao conteúdo do jornal, à parte uns comentários incompreensíveis acerca de uns vagos «muito Nevogilde» e «muita Academia».
Desde o início dos nossos contactos que nos apercebemos da falta de linha de rumo, de empenhamento e de colegialidade do actual Executivo da Junta da Foz. Sem alguma resposta escrita tinha já ficado quer o projecto do jornal (com Declaração de Intenções, Regulamento Interno do Jornal), quer a inúmera correspondência enviada antes do seu aparecimento, sem falarmos da possibilidade de «papel mais barato» (F. Piedade), de um «Acordo-Quadro com a Câmara» (A.Oliveira).
De grave falta de coerência foi a defesa intransigente que fizeram, em início de mandato, sobre a sua vontade de apenas quererem apoiar as iniciativas das pessoas e colectividades da Freguesia, sem pretenderem ser eles próprios organizadores do que quer que seja, e, neste ano, toda a sede de protagonismo que têm manifestado, de que são exemplo a organização da Feira de Artesanato (que viveu até hoje, e bem, de Comissões independentes) e das Festas de S. Bartolomeu. Aliás, essas manifestações ressentiram-se do facto de serem (mal) organizadas pela Junta, que, como sabemos, não existe para esse fim.

O Executivo não quis a conciliação desejada por nós

Respeitámos até há cerca de um mês as regras elementares da lealdade e da confidencialidade em relação aos nossos problemas para com o Executivo. Chegámos mesmo a propor a um dos líderes da Secção do Partido Socialista da Foz, a organização de um encontro onde queríamos demonstrar a falsidade dos argumentos daqueles que nos acusam de estar ao serviço de uma outra corrente político-partidária.
Contactámos, por último, o Presidente da Assembleia de Freguesia, em fins de Agosto, para que este, na sua posição institucional e de membro proeminente do PS, conseguisse uma reunião onde frontalmente fossem feitas as críticas e as confrontações necessárias.
Avelino Oliveira, após diversos subterfúgios, atrasos de resposta e hesitações, recusou essa tentativa última de diálogo. Em jeito de balanço, colocámos o Presidente da Assembleia de Freguesia perante esta pergunta:
«Afinal, o que é que o Executivo tem contra nós?»
Com os elementos que possuía foi impossível ao Dr. João Praia responder-nos (3). Mais ainda, no próprio dia em que pela primeira vez nos encontrámos com João Praia, quando este lealmente transmitiu na véspera ao Presidente da Junta a informação de que esse encontro se iria dar, Avelino Oliveira remete aos funcionários da Junta de Freguesia da Foz do Douro uma nota manuscrita proibindo-os de prestar doravante qualquer apoio ao jornal O Progresso da Foz, o que, para além de ser mais uma quebra do Protocolo acordado connosco, representa uma grave falta de respeito para com a figura do Presidente da Assembleia de Freguesia, nessa altura em plena função conciliadora, como lhe competia.

O nosso jornal durará mais do que qualquer Executivo

Sabemos que este tipo de “guerra” é sempre prejudicial a qualquer dos contendores. Tentámos, e a descrição atrás prova-o, evitá-la até onde o respeito por nós mesmo e pela população da Foz nos permitiu. Sendo assim, acerca das nossas relações com a Junta da Foz e não havendo matéria nova no futuro, e pela nossa parte, tudo fica agora e aqui dito.
É sempre bom saber que este Executivo passará e o nosso jornal e Grupo Cultural continuarão a sua actividade, tal como até agora temos feito, ao serviço da Cultura, da Foz e das suas gentes.
O nosso jornal, apesar de tudo, e porque é jornal, continua a «ser de quem nele escreve e de quem nos escreve». Pelo nosso lado, nada se alterou... inclusive em relação ao actual Executivo da Junta de Freguesia da Foz do Douro.


(1) E aqui, para podermos continuar, notamos que, muito embora as nossas relações com o Executivo tivessem sempre e exclusivamente passado pelo Presidente, Avelino Oliveira, e pelo 1º Vogal, Francisco Piedade, temos que, obviamente, responsabilizar todo o Executivo, que é pressuposto trabalhar colegialmente.
(2) Aos interessados que nos solicitarem faremos chegar um dossier completo.
(3) A quem agradecemos a sua independência e positiva acção a favor da tentativa de retoma da colaboração entre o Executivo e o nosso jornal.

Nota Final: O redactor Saúl Pessanha, que em princípios do ano passado se demitiu do jornal, fê-lo de livre vontade e por escrito. Àqueles que estão habituados a mentir com «diz-se que» ou «parece que», resta apenas consultar o próprio ou pedir-nos cópia da sua carta.

O PROGRESSO DA FOZ
Novo endereço para correspondência, novo telefone

No seguimento da infeliz decisão do Executivo da Junta da Foz do Douro, fomos obrigados a transferir o nosso endereço e telefone para a sede da Junta de Freguesia de Nevogilde, o nosso outro apoio institucional, a cujo Executivo agradecemos publicamente as facilidades agora concedidas.
Endereço Postal:

Ao C/ da Junta de Freguesia de Nevogilde
Rua de Fez, 123
4150 Porto
Telefone: 6182168 / 6178628
Fax: 6104273

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