1.3.2022
Ucrânia Livre
Recordo-me bem dos “pacifistas” europeus contrários à
instalação de mísseis da OTAN na Europa democrática. Tenho bem presente a sua
“independência política”…. sobretudo nos casos concretos da invasão da Hungria
pelos tanques soviéticos – pelos relatos – e de Praga pelos mesmos, em 1968.
Este último caso, que vivi fortemente, em 1968, foi a fronteira clara entre
aqueles que idealizando uma sociedade sem classes, passaram a entender que
nunca seria pela via da agressão (imperialista) que se instituiria a tal “utopia”,
e, reportando aos últimos anos, nem mesmo a democracia.
O enorme Alberto Camus (resistente anti-nazi) pagou caro a
sua frontalidade na recusa desse caminho (e também com a publicitação do que
eram os “gulagues”), quer pelos ataques, esperados, dos encartados militantes
pró-soviéticos, quer pelos chamados “compagnons de route”, em grande parte
genuínos crentes, e condescendentes, num caminho “torto” para se chegar ao
“direito”.
São esses “compagnons de route” que pululam em Portugal.
Conheço muitos, sou amigo de alguns, e acredito na sua sinceridade das suas
finalidades políticas.
Sempre alertando para as “culpas” repartidas, para a
necessidade da informação pelos “dois lados”, chamuscados, e com razão, pelos
crimes e erros políticos cometidos pelos EUA e pela apatia em relação a eles
das democracias europeias. Noto, não sendo o tema, a complacência errónea da
Europa democrática em relação às ditaduras ibéricas, em nome do
não-enfraquecimento das forças anti-comunistas (posição que aqui reforçou, numa
juventude sedenta de transformações sociais, a adopção das vias radicais para a
mudança em troca da via pela democracia).
Com a invasão das tropas russas da Ucrânia, voltamos a ter –
felizmente menos – esses “compagnons” ou hesitantes, que apelando às culpas
repartidas, ou claramente anti OTAN/EUA a quem atribuem a responsabilidade
principal no tema.
Não fosse o erro e o perigo, o ridículo da análise salta à
vista no momento em que um ucraniano no seu país enfrenta militarmente uma
potência invasora que assola a sua terra e mata os seus compatriotas.
Frente a um tanque russo, vão dizer-lhe que a culpa é dos
EUA e que têm que analisar melhor a situação para perceber o “complot” do
capitalismo ocidental, enquanto uma bala de Putin lhe atravessa o crânio desfazendo-o.
Termino, sem alegria nenhuma outra vez, depois de ler o que
Bolsonaro disse sobre a guerra e o Presidente da Ucrânia… pouco diferente, nas
conclusões sublinho, do que afirmou Dilma Rousseff.
É triste!
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