Ser penedo é ser por fora o que se é por dentro (Teixeira de Pascoaes)
... é como ser transparente.

2 de outubro de 2008

AGÊNCIA EUROPEIA DA PESCA EM PORTUGAL

Maio/Junho 2002

Recado a Matosinhos, Vila do Conde, Póvoa, Setúbal, Portimão, etc.

Tudo indica que aí vem um bom teste político a este governo. A meu ver, muito mais que a televisão pública e a sua privatização, a eventual instalação em Portugal da futura agência europeia para o sector das pescas e dos recursos marinhos vincará indelevelmente um posicionamento político claro do governo.
Quer seja por troca com o Observatório Europeu da Droga, instalado em Lisboa, ou não, a localização da agência da Pesca, caso se concretize para Portugal, deverá ser feita numa dessas localidades que, desde sempre, estiveram ligadas a esse importante e tradicional sector de actividade, por exemplo: Matosinhos, Póvoa e Vila do Conde, Setúbal, Portimão, ou outro. Qualquer destes centros está a menos de uma hora de um aeroporto internacional e também, num raio de 20/30 quilómetros, têm a capacidade de alojamento necessária a qualquer reunião internacional organizada pela agência, isto sem falar de evidentes condições para neles habitarem em permanência as poucas dezenas de funcionários europeus necessários ao seu funcionamento.
Só o centralismo cego e os interesses de algumas famílias, conjugado com o provincianismo habitual de alguns políticos «da capital» pode levar o Observatório Europeu da Droga para Lisboa. Para além de não haver razão política especial, a presença ali de uns 50 funcionários internacionais não tem nenhum peso real na economia local. Não são mais que 50 «estrangeiros», enquanto que, numa das outras localidades, esses funcionários, aliados à presença constante e regular de visitantes vindos de diferentes países, animarão bastante não só os restaurantes e os hotéis mas também o comércio em geral e as actividades culturais em particular. Isto sem falar do óbvio, isto é, a presença bem perto do sector que se quer tratar.
Colocar a Agência Europeia da Pesca em Lisboa, como se fez com o Observatório da Droga (que poderia ter sido instalado em várias outras cidades do País) será um acto anti-nacional e demonstrativo dos interesses que se defendem.
Cabe ao Sector das Pescas, conjugado com as autarquias das povoações citadas e outras, levantar já o dedo e pressionarem os partidos a tomar posição e a obrigar o poder a comprometer-se naquele sentido.
O Presidente da República, a crer no que tem vindo a defender, poderá ser um bom aliado desta causa. Esta não é uma questão de lana-caprina, nem de posições dúbias.

Nota: Sem prejuízo de outros argumentos, creio que o eixo Póvoa/Vila do Conde e Matosinhos tem a seu favor um argumento de peso: a proximidade com a Galiza e a importância desta nas pescas na Europa.

(publicado n'O Progresso da Foz)

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